Olhar microscópico

Olhar microscópico

O projeto Olhar Microscópico começou, literalmente, em um sonho; nele eu mergulhava no mar e nadava até o fundo encontrando uma variedade de plantas aquáticas. Através desse mergulho pude enxergar a simplicidade das formas desses seres que são extremamente importantes para toda a vida no planeta terra. 

E de repente senti que eu estava com um novo poder de ter olhos microscópico. Com esse novo poder eu conseguia aproximar o olhar cada vez mais como um microscópio humano e de repente eu estava no nível celular e pude viajar pelas diversas cores e formas que me lembravam manchas. 

E como eu faço para estudar esse novo universo?

Em primeiro, aplico a tinta sobre a tela e vou adicionando água para que a mancha se espalhe pela superfície. Cada camada que aplico tenho que aguardar em torno de 24 horas para a secagem e depois seguir com novas camadas. Essas manchas acidentais já eram presentes em pequenas partes de meus trabalhos. E depois desse sonho decidi me aprofundar ainda mais a investigação destes elementos.

Minha experiência, quase científica, obtida nesse a partir deste sonho me trouxe como resultado: As manchas acidentais são o resultado da contrarreação da matéria após contato com a água. E por conta disso os trabalhos, individualmente, não possuem título.

Por fim, existe uma espécie de desconfiança em relação à beleza. Na arte, essa resistência se estabeleceu como forma de evitar que nossa consciência se torne estranha a si mesma, afastada de sua real natureza. Sempre observei a natureza real das coisas, dos objetos ao meu redor. Para mim faz sentido e não irei discordar, mas devo dizer que, também para mim, a realidade é uma escolha e a minha escolha é pela beleza. Em minha crença não existe beleza verdadeira sem alguma estranheza na mesma proporção.